Sunday 11 July 2010



Ela era a Maria e o João, tinha nos seus olhos a ingenuidade de uma santa e nas suas palavras resistência e avidez. Quanto mais tinha, mais queria. Levava consigo alguns objetivos, já que ela odiava a palavra "sonho" que era algo muito distante da sua realidade. Sua pele era suave, com semblante de paz e tinha uma aura de antiguidade que tanto podia ser da Indonésia como dos Andes.

Pelo meio de tantos sobretudos pretos na Regent Street e rostos desamparados, de longe se via um cachecol listrado colorido parecendo iluminar cada ser que passasse ao lado dela. Seus olhos eram rápidos demais para captar o movimento de cada pessoa, mas um turbilhão de pensamentos parecia não acompanhar a ressaca do dirty martini da noite passada. Entrou no Starbucks, pediu um double expresso e desceu amargamente fazendo aquecer cada músculo do seu corpo. Caminhou em direção à Oxford Street, um nome derivado da rodovia que ligava a cidade de Oxford com Londres. Cada rosto que por ela cruzava tinha uma história diferente em que suas pupilas dilatavam tentando entender as expressões faciais de cada um que por ela passavam.

Parou em Bond Street e vislumbrou uma vitrine viva, flocos de neve caiam sobre um véu onde cobria o fino cabelo da bailarina que dançava ao som de uma Ópera muito distante com um suave perfume de cravo. Era tão simples ver aquela cena serena onde todos os seus movimentos se concentravam na ponta dos seus dedos dos pés deslizando sobre uma madeira brilhante.

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